Os tempos são difíceis no Brasil em vários aspectos (refiro-me a
“tempos” porque nossos problemas nacionais emendam décadas e enlaçam
gerações); existe a crônica e sistêmica dificuldade da corrupção
política derivada de uma outra desvirtuação moral que também emana de
mais uma adulteração imaterial (espiritual) – sim, e nesta última a constatação de que a alma do “povo brasileiro” está doente!
Ficamos enfermos pois bebemos dos cálices das mentiras variadas e nos
alimentaram dos banquetes de enganos e trapaças – por isso que o
brasileiro é de alguma forma “corrupto”; nosso espírito geme no que
parece um beco escuro e sem saída e nossa vida se esvai em meio a tanta
desgraça social.
A última esperança é a “igreja de Jesus”, pois para esta as portas do inferno não prevalecerão; para ela a mentira não triunfa e o pecado em qualquer estágio e meio não é tolerado. Estamos numa “crise de verdade”
e num cenário de inverdades onde se mente do “púlpito” ao parlamento;
da polícia ao judiciário e da liderança comunitária a Presidência da
República. É uma crise moral onde a retidão se extingue frente a intentos de ganância e poder onde tudo vale e se justifica. É uma crise de valores
onde o relativo não permite convergirmos em quase nenhum acordo – todo
mundo tem a sua verdade e sua isolada posição – e numa sociedade em que
ninguém se entende a própria se destrói.
Também estamos em meio a uma crise de respeito e civilidade,
há uma guerra entre “cristãos” (com destaque para alas evangélicas) e
“gays” neste país, onde os primeiros através de alguns de seus líderes
pelo discurso da defesa da família e dos bons costumes formam um
cinturão de apelo político e usam do canhão das mídias evangélicas para
mobilizarem o segmento a pressionarem os legisladores na aprovação de
leis mais “teocráticas”; incitam a promoção de boicotes comerciais a
empresas que “apoiam” o homossexualismo, fomentam discussões e desferem
acusações ao ativismo gay. Essa “causa evangélica” deixa de ser
cristã quando instiga ódio e arranca fobias interiorizadas em mentes
fundamentadas na extrema e única opção de condenar pessoas. O brasileiro têm liberdade se quiser ser gay ou lésbica e ponto.
O cristão também tem o direito de continuar pregando o evangelho sem
ofender as pessoas – apenas repetindo o que as Escrituras ensinam. Vale
lembrar que a Palavra de Deus enquanto o indivíduo está vivo só condena o
comportamento dele e não o próprio, de outra forma Deus jamais o
chamaria ao arrependimento – não haveria sentido para tal.
Evangelho no sentido vernacular são boas novas de salvação – é isso que a igreja evangélica precisa se ocupar em fazer –
quem convence é o Espírito Santo! Se nós temos a verdade e se o
ativismo gay quer propor e impor inversões de papéis sociais através de
um novo conceito de sexo e família – nosso comportamento precisa
basear-se numa apologia fidedigna à Palavra de Deus em todos os sentidos
– inclusive naquela de amar o próximo (gays, lésbicas, bissexuais e
travestis); se quisermos dialogar com essa sociedade não evangélica onde
não impera quase nada de valores bíblicos; teremos de ouvi-la,
respeitá-la em seu direito de expressão e para os mais radicais de nosso
meio o apelo não é menos radical – você terá que dar a face mesmo
àqueles que aprovam demonstrações como a do transsexual que aludiu a
Jesus crucificado sobre um trio elétrico em plena parada gay.
Voltando ao campo político e estendendo uma ponte de reflexão ao religioso, eu acredito que a presença de representantes cristãos na câmara dos deputados é necessária,
como também representantes de outros segmentos sociais. Acredito que
através da política é que conseguiremos fazer um país para e de todos,
sob a ordem do respeito mútuo – ninguém obrigando ninguém a nada, quer
por sentir-se injustiçado por ser minoria ou por achar-se absoluto pelo
apoio da maioria. O Brasil não é uma “igreja” e menos uma “parada GLBT” e
enquanto os enfrentamentos e xingamentos continuarem, mais distantes do
entendimento ficaremos e os caudais generalizados de nossas crises só
aumentarão.
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