Eu odeio e desprezo as suas festas religiosas; não suporto as suas assembleias solenes (Am 5:21)
Permita-me apresentar-lhe esta modesta e sincera reflexão. Não me
tenha por careta, tapado ou ignorante; considere meu texto à luz dos
fatos atuais do mundo cristão – ponha-o em paralelo com as Escrituras,
com a narrativa histórica de Atos dos Apóstolos e Epístolas; reflita em
como os crentes primitivos adoravam a Cristo e divulgavam o Seu
Evangelho, contextualizando-o a diferentes pessoas e lugares – sem
retirar-lhe sua mensagem e apresentação íntegra e radical; depois,
zelosamente observe muitas de nossas festas e comemorações e seja
sincero consigo mesmo: edificamos serpentes de bronze (2 Re 18:4) que
têm desviado nosso povo da simplicidade do Evangelho de Cristo e da
verdadeira adoração a Deus. Estamos num tempo decisivo em que devemos
remover altares de profanação erigidos em nosso meio e quebrar colunas e
postes sagrados com o composto anexado de “gospel”.
Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mt 15:8)
Festas da “igreja” que oferecem o terrenal. Muitas
igrejas estão preocupadas e ocupadas exatamente com o que gostamos de
assistir ou de fazer e tentam de tudo para nos agradarem ainda mais em
nossas vontades e preferências. As coisas organizadas pelo pessoal da
“igreja” são parecidas com as do mundo, distintas apenas pelo poder
agregador do termo “gospel”. A mentalidade cristã do século XXI quando
quer adaptar algum costume do mundo para dentro da “igreja” basta
associar a palavra “gospel” e como que num passe de mágica tudo que
queremos de profano lá de fora se torna santo dentro de nosso “mundo
crente” e a partir daí nós temos: Gospel Folia, Dance Gospel, Balada
Gospel, Rave Gospel, Arraiá Gospel, Halloween Gospel, Funk Gospel,
Eletro Dance Gospel, Festa Country Gospel, Gospel Night, stand-up comedy
gospel e por aí vai. A razão para promover ou apoiar esses eventos
parece justificada e nos agrada em cheio; as “nossas festas” geralmente
apresentam razões evangelísticas, fraternais e exaltam a “graça” de ser
crente. Mas que tipo de crente? Aquele que se inspira na criatividade dos festejos mundanos para importá-los para dentro do que entendemos como igreja?
E não vos associeis às obras infrutuosas das trevas, antes, porém, condenai-as (Ef 5:11)
Festas da “igreja” que oferecem o sobrenatural.
Muitas igrejas pentecostais se renderam as inovações propostas por
“grupos heterodoxos” de cantores e pregadores que utilizam expressões
superlativas e apoteóticas na divulgação de seus eventos, tais como:
mega vigilhão, avalanche pentecostal, vigilhão revolution, vigilhão
ômega e acreditem tem até “o mega dos megas vigilhão”. Fora os tão
famosos abala “Jerusalém”, abala “Samaria” (não citei o nome das cidades
por discrição mesmo). Os organizadores “dessas festas de crentes” se
defendem dizendo que tais títulos são para chamarem a atenção das
pessoas para uma nova e impactante experiência com o poder de Deus.
Sinceramente, esses eventos em sua maioria não cumprem com a expectativa
gerada pelo estardalhaço publicitário feito. A não ser que você
considere pula-pula, desordem litúrgica, profetismo dirigido, mensagens
de superação, unções de prosperidade como nova experiência com Deus.
Na maioria, os super pregadores desses eventos sugerem o extravasar
emocional ou exploram em seus apelos carências sentimentais e pessoais
dos participantes. A tristeza pra quem embarca nessas fantasias que
prometem o transcendental é que depois do “hiper evento” quando a
segunda-feira chega, à vida do participante volta ao normal com a mesma
rotina e sem qualquer milagre de Deus na vida – com raras exceções; os
habitantes da cidade que foi “abalada” continuam com a mesma posição de
afastamento de Deus e a comunidade local de crentes como estranha
social. E aí irmãos, no fim é só mais um evento onde pulamos, dançamos,
gritamos e ouvimos que somos cabeça e não cauda e só isso!
Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma
palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma
interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja (1 Co 14:26)
Festas da “igreja” que exaltam os homens. Tem havido
uma super exposição de pessoas e uma exclusão da Palavra de Deus em
nossos cartazes, banners e nos outdoors que espalhamos pela cidade
(inclusive poluindo-a visualmente). Como é bom ter foto estampada num
cartaz de igreja, ainda mais se você for um dos nomes em destaque; mas, e
a Palavra de Deus? Grande parte de nossa divulgação peca por expor
demais cantores, conferencistas, apóstolos, doutores e apresentar de
menos a Palavra de Deus e seu apelo evangelístico – em grande volume a comunicação visual do cristianismo protestante do século XXI não é evangelística.
As pessoas estão sendo convidadas para prestigiarem a presença de
cantores e pregadores e só isso! Esses eventos estão desenvolvendo uma
cultura de fãs e seguidores de homens – de modo que tais eventos têm
adesão, mas não decisão, fãs mas não discípulos, crentes que rolam no
chão, mas que não se rendem aos pés do Senhor Jesus Cristo!
Ai de vocês, quando todos falarem bem de vocês, pois assim os antepassados deles trataram os falsos profetas (Lc 6:26)
Festas da “igreja” onde tudo está programado. O
louvor é contratado, a palavra é encomendada e a platéia está
sugestionada a descambar em qualquer proposta apresentada nessas
reuniões “mega-ultra-super poderosas”, que na prática, não mudam em nada
o comportamento corrompido, não abalam coisa nenhuma senão ainda mais o
cambaleante espiritual participante. Boa parte desses eventos tem sido
organizados para exaltar ministérios personalistas, promover candidatos
políticos ou esquemas denominacionais. Nos tornamos numa geração que
aplaude seus “ídolos humanos”, mas que não adora a Deus; nos cultos da
igreja somos expectadores, nas orações pedintes, nas ofertas miseráveis e
no testemunho reprováveis – e o pior de tudo, são muito poucos os
pastores e pregadores que nos chamam à realidade da vida cristã; que nos
falam a verdade e que nos comunicam a Palavra que de fato pode
transformar nossa vida morna numa nova vida!