Não é comum o cunho “evangelhos
de prateleiras”, sua expressão obviamente não faz sentido quando a alusão
retrata as Boas Novas de Cristo. Mas quando orações, canções, profetismos, visões,
pregações e publicações de arrojos que massageiam o ego humano são apresentadas
como mensagens espirituais e bíblicas (Cl 2.18); lamento dizer aos que “compram” essas meias verdades nas gôndolas dos mercadores de plágios da revelação bíblica
que estão levando gato por lebre (porque geralmente são vendidas, não vem nada de graça desse mercado que atende a pedidos feitos pelo homem).
Neste segmento de vendas dirigidas ao povo cristão existem muitos embrulhos de heresias de perdição ao
invés das desejadas bênçãos celestiais (2 Pe 2.1-3). O regente deste mundo construiu um supermercado de falsas promessas e arquitetou enganosas orientações à
cristandade. Esse sistema maléfico vende o que não tem pois promete favores de Deus aos que com dinheiro,
cheques, cartões de crédito, permutas e cortesias compram o produto oferecido nestas promoções aparentemente espirituais. Têm muita ingenuidade e por isso muitos irmãos acabam entregando parte de seus rendimentos aos disfarçados ministros
do também deus do próprio ventre (Fp 3.19).
Notabiliza-se
um absorto comércio que mercadeja até o intangível (promessas, milagres,
solução de problemas e até unções de enriquecimento). Tais enunciados nada mais
são que sorrateiro marketing aplicado à vendas. Idéias de homens que aglutinaram má fé,
ganância e esperteza (Fp 3.18-19) frente à carência da multidão de professos de
uma fé infundada de bíblia, caracterizada por inexperiência infantil (1 Co 14.20)
e movida pelo sensacional triunfalismo das novidades espirituais que os faz
andar de um lado para outro expondo-se a todo tipo de falsas doutrinas e
modismos tresloucados (Ef 4.14).
Existe
uma perda de identidade cristã por conta desse mercado de pertinências e
tendências do mundo gospel; afinal, são muitas as prateleiras de evangelhos
dirigidos a gostos e preferências pessoais. Sermões desenvolvidos por “pregadores
vendedores de fantasias espirituais”, hábeis em abordar o que gostamos de ouvir
e com suas frases de efeito misturam o fermento comprado pela massa de crentes deste
panelão de fé misturada com os açúcares e sabores de um idealismo humanista
secular. Verdadeiramente o deus deste século cegou aos incrédulos de tudo e aos
crédulos em qualquer coisa (2 Co 4.4).
Utilizei termos
do próprio meio comercial e de marketing como: tendências, preferências,
clientes e mercado, pois o que existe nos meandros da igreja evangélica
brasileira é um grande negócio que enriquece muita gente e que ao mesmo tempo empobrece
milhões de verdadeira espiritualidade e de dignidade cristã. São muitas as
seções com os evangelhos de prateleiras contendo revelação extra-bíblia e até
anti-bíblica na maioria dos casos. Tem auto-ajuda pseudo cristã, seminário de
regressão, descarrego emocional, terapia espiritual, publicação escatomaníaca, satanalogia
fóbica, maldição hereditária, mentalização afirmativa, confissão positiva e
muitos outros “produtos para cristãos” que cegam, escravizam e até matam.
Há
uma inversão de posicionamento quanto à autoridade bíblica. Ao invés de submissão à Palavra de Deus, sujeitam
e tentam condicionar as Escrituras a seus próprios comportamentos mesmo que estes
sejam condenados pela Palavra (2 Tm 2.1-9). Seguem um evangelho encomendado que
se condensa com impiedade; escutam pregações que se conformam com as obras da
carne (Gl 5. 19-21). Aplicam-se a ensinos ideológicos e ilógicos dos
empresários da fé que arrumam ao “crente moderno” uma vida comumente secular, objetivamente
capitalista e necessariamente consumista garantindo com isso muito dinheiro aos
que vendem essas indulgências modernas.
O
Evangelho não é produto elaborado para nossa satisfação como consumidores (Gl.
1.11; 1 Co 1.18); antes é a boa nova de salvação para nossa transformação de
vida (Rm 1.16). Inclui abandonar o que é pecado e nos apegarmos ao que é
verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama, virtuoso e valoroso (Fp
4.8-9). Viver o Evangelho da Cruz requer sim uma escolha pesada e radical
sustentada por fé em Jesus Cristo; sua experiência não se dá pelo ato de compra
e venda, mas sim pela graça de Deus (Ef 2.8) e pela decisão da renúncia do antigo
modo de vida e da abnegação de caminhar até ao fim seguindo e servindo a Cristo
(Mt 16.24).
Não freqüente
mais essas prateleiras e balcões lotados de meninices, heresias, mentiras, blasfêmias
e sacrilégios. Expulse os vendedores de kits de bênçãos de seu tabernáculo
espiritual (Jo 2.16). Utilize o azorrague do bom senso e do equilibrio
espiritual contra esses irreverentes cambistas que se infiltram na vida evangélica com suas facilitações de culto e adoração (Jo 2.15). Cerceie sua
relação com essa banca de curandeiros de mentira e com essa quitanda de profetas
exímios em fazer média com homens – para vender suas visões imaginárias. Irrompa
contra esse sistema de armazéns comerciais à custa do cristianismo, pois são enganações
e deformações teológicas. Sai do meio dele povo de Deus; do mercado da fé e dos
evangelhos de prateleiras e voltemos ao Evangelho da Verdade (Ap 18.4; 2.1-7;
Jo 8.32).
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