Alegrei-me quando me
disseram: Vamos à casa do Senhor (Sl 122.1)
Não quero ser
mal interpretado neste artigo. A razão desta exposição é lançar luz sobre uma questão
intrigante que tem incomodado muitos irmãos e por isso mais uma vez recorrerei
à fonte energética de meus artigos - a Palavra de Deus (2 Tm 3.16-17). Esclareço
que as pontuações não generalizam todas as instituições religiosas, até porque
nem todas com suas administrações procedem ao teor desta abordagem. O cerne da
questão é que muitos cristãos estão saindo de suas congregações (inclusive
crentes ligados a elas há décadas) por falta de sensibilidade pastoral,
transparência e coerência religiosa quanto a arrecadações, despesas e
investimentos ou falta dele em âmbito local.
Lamento que
formas de gestão eclesiástica decrépita e insensível tenham navegado por oceanos
de falta de percepção pastoral e planejamento administrativo. Direções ancoradas
em atrasos injustificáveis e nada transparentes gerando com isso enfrentamentos
com membros locais. Vivemos em um tempo em que quando os filiados percebem que
o comunitário não tem mais o óbvio sentido de bem comum e que a falada unidade
da igreja é só mais um discurso conveniente a uma mascarada oligarquia bispal -
um pavio de murmurações é aceso no meio da congregação e algo como um barril de
insatisfações explode lançando crente pra tudo quanto é lado nas igrejas da
adjacência; caem naquelas que oferecem melhores condições de congregar.
Muitos líderes e
pastores carecem refletir sobre a vida da igreja enquanto comunidade local sob
os prismas bíblico, histórico e contextual. Menciono a fundamentação bíblica e
história porque conhecê-las é ter uma diretriz segura sobre o que foi o que é e
o que pretende a igreja enquanto agência do Reino de Deus (Mt 16.18; At 5:11; 11:26; 1 Co 11:18;
14:19, 28,35; Ef
1:22; 3:10, 21; 5:23-25 27,32; Cl 1:18, 24; 2 Pe 2.9-10). O enfoque contemporâneo precisa
considerar os aspectos: pessoal, social e espiritual. Pessoal porque a
igreja é formada por pessoas e negligenciar suas necessidades com base na Palavra
é uma omissão de realidades eclesiológicas (At 6.1-4; Gl 6.10). Social porque
desconsiderar o perfil do tipo de gente (cultural e financeiramente) que
congrega na igreja é um erro estratégico e posicional (Tg 2.9). Espiritual
porque a igreja precisa fornecer um ambiente próprio ao desenvolvimento de
espiritualidade (e não me refiro só à liturgia), um local agradável e prazeroso
contribuirá para a enlevação transcendente da congregação (2 Cr 7.15-16; Ec
5.1; 1 Co 14.26).
Nesse novo
tempo pelo qual atravessa a igreja evangélica brasileira não dá mais pra
aceitar cobranças por dízimos e ofertas sem ao menos existir prestação de
contas e algum retorno para o bem comum da congregação. Há pouco tempo atrás as
necessidades temporais da obra resumiam-se a pagamentos de despesas como
aluguéis, salários, encargos sociais, energia elétrica, água, telefone,
material de limpeza e higiene – mas a nova e a renovada consciência cristã considera
essas “saídas” muito poucas frente ao tanto que as instituições religiosas pedem
e arrecadam. É verdade que o problema agravado em que membros embalam manobras
de evasão de algumas igrejas tem mais a ver com dificuldades de gestão (má
liderança e administração) do que com a conceituação e aplicação eclesiológica
de seu funcionamento e manutenção. Estou dizendo que os irmãos não querem
deixar de contribuir com a obra – o que desejam é que haja uma retribuição da
instituição em melhores estruturas e condições de culto e serviço cristão.
Assistência
fraterna e social, obra missionária, caravanas, cantinas, construção de templos
e tantas outras necessidades estão fora do objetivo-foco dos dízimos e campanhas
de ofertas de muitas igrejas - é tudo por fora por conta dos sobrecarregados contribuintes.
Não sai da tesouraria dinheiro nenhum a não ser para as despesas enxutas da
igreja e para as benesses pastorais. O evangélico no Brasil sofre pela alta
carga tributária imposta pelo governo e também por um jugo ofertório determinado
por algumas instituições religiosas de confissão evangélica – para vergonha
nossa. Se existe correspondência cristã na prática do segundo mandamento ela
não acontece em regra geral pela instituição que se proclama igreja, mas pelos
irmãos com suas ofertas avulsas. A justificativa é que a instituição já tem
seus custos elevados e não pode ajudar – não tem como oferecer auxílio de
alimento, abrigo, agasalho ou qualquer suporte material (Tg 2.14-17; 1.27). O
discurso é bonito, mas não convence!
Artigo com continuação, aguarde...
Artigo com continuação, aguarde...
Um comentário:
Esclarecedor,muito lucido, excelente da maneira que foi exposto, parabéns
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