Escrevo este
artigo para realçar uma triste realidade em que funestos governos eclesiásticos
através de seus “pastores feudais” empurram goela abaixo de seus liderados
tolhidos e sugestionados - um sistema de mesmices e descalabros; uma cultura de
exploração e de extrapolação de direitos sob disfarçada forma religiosa (não é boa religiosidade, pois em sua ligadura há uma mistura carnal e maligna). Quando um
suposto “líder” usa dos meios de sua influência para obter fins de proveito
próprio, temos então a caracterização de abuso de poder. E todos nós sabemos
que isso ocorre dos piores modos em denominações evangélicas, convenções de
ministros; ministérios locais e igrejas.
A
aplicabilidade do termo “poder” em sua variada semântica denota autoridade,
domínio, controle, influência e até imposição. Os homens em suas diversas
organizações necessitam de governo equilibrado, boa liderança e mansa voz de comando. Na democracia a indispensabilidade da ordem e do progresso está
intimamente ligada ao exercício do poder por um indivíduo ou instituições que
assegurem a detenção e equilíbrio do mesmo. A igreja não é uma democracia, mas
em alguns sistemas que beiram o congregacional (como nas Assembléias de Deus), os
membros têm voz ativa e participam do exercício deste poder de conduzir a
igreja para o seu melhor nos aspectos espiritual, administrativo e social.
Por conta do
pecado há inculcado nos recônditos da natureza humana uma aspiração pelo poder
a qualquer preço; só nos libertamos desta introjeção quando Cristo torna-se o Senhor
de nosso eu. Lúcifer perdeu sua posição original porque também se deixou
corromper pelos devaneios do poder. Para exemplificar a reflexão, permita-me
descrever-lhes uma pequena e pertinente estória.
Numa produtiva
reunião de obreiros locais, o mais audacioso dos pastores da pequena
congregação percebeu que os seus posicionamentos intrépidos exerciam influência
sobre a vida de outros obreiros do pequeno ajuntamento. A simples descoberta
despertou-o a perspicazmente incubar um futuro sistema de autoritarismo,
cabresto ideológico e ditadura religiosa através de suas mensagens e instruções.
O esperto demagogo em seu projeto de agregação portava-se como um líder imediato,
arrojado e promissor para o futuro da comunidade.
O tempo passou
e a congregação cresceu. O sutil pastor do próprio ego conseguiu convencer os
irmãos a pedirem a emancipação eclesiástica. Assim; enfim alcançou os intentos
de sua maior ambição pessoal – tornar-se o pastor presidente da nova igreja
sede. Na medida em que a tenra matriz desenvolvia e expandia-se através de suas
congregações emergentes por todos os bairros da cidade; ardilosamente um
esquema calculista de perpetuação no poder era dissolvido no estatuto e
regimento interno da recente igreja matriz que naqueles dias experimentava uma
verdadeira ebulição espiritual.
O calendário é
ininterrupto e em poucos anos a dita “presidência da igreja” extinguiu as
assembléias de membros e suprimiu bastante as reuniões de obreiros, de forma
que as decisões mais importantes estavam subordinadas ao famigerado
administrador da igreja. As cavilações, vaidades e costumes do “dono da igreja”
tornaram-se padrão de vida para os membros. Sua arrogância foi assimilada como
unção, sua presunção como autoridade e seu disfarçado e engenhoso plano de
poder como visão ministerial avançada.
Uma tirania
dominou o prelado espiritual (de espiritualidade nada mais lhe restava) que no
desequilíbrio de seu comportamento de imposição e sem medir conseqüências
massacrou a “chamada oposição” que não se curvava frente ao cetro de sua
descabida monarquia de autoritarismo. Ou todos eram vassalos de manobras ou
prisioneiros de uma masmorra de depreciação espiritual – não havia pra onde
correr e muito menos como escapar.
O bispo do
poder em sua posição marcial fez com que diáconos, presbíteros (cargos locais)
e até ministros (evangelistas e pastores) fossem depostos de suas funções e os
últimos relegados a meros ocupantes das cadeiras do púlpito – já que não tinham
oportunidade para mais nada. Pelos retrovisores do tempo a imagem do outrora
pastor arrojado foi encoberta por uma poeira de ganância e por uma avidez pela
supremacia que culminou em um tipo cruel de ditadura eclesiástica.
No fim da estrada,
a carruagem daquele pretenso pastor chegou a seu castelo de ideais maquiavélicos
e de arguta estratégia, cujo propósito era o de enfraquecer o corpo de obreiros
e controlar o ministério através da convergência de poderes centrados na autoridade
do patriarca da igreja sede. A cultura enxertada pela ditadura do “manda quem
pode e obedece quem tem juízo”, configurou uma igreja não senhora de si mesma,
subordinada a um tipo de subserviência que aceitava e aplaudia o déspota e arrogante
proprietário daquele engenho eclesiástico.
Encerro a
breve exposição declarando que freqüento uma igreja que tem seus problemas. Com
certeza deve ter gente lá insatisfeita com a administração e etc. Mas posso
assegurar-lhes que como poucas igrejas evangélicas bem organizadas e
doutrinadas, a minha igreja mantêm reuniões de membros, apresenta relatórios de suas
operações, discute com sua membresia e quadro de obreiros suas principais e
inevitáveis decisões. Quero crer que a postagem seja útil no despertar de
consciências para uma igreja local forte, soberana e livre para servir a Deus
sem paredões de egoísmos episcopais.
Um comentário:
Excelente matéria.
Pr.Gildo Ribeiro
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