O cerne desta
reflexão é que todos os que ministram a Palavra de Deus voltem a pregá-la com mais
ênfase para alcançar mais pessoas para o Reino dos Céus e não distanciá-las de
lá (1 Co 9.22-23). Não precisamos alterar o conteúdo da mensagem evangélica, diluir suas
verdades, maquiar seus mandamentos e suprimir suas posições (Tt 1.9). O
problema é que alguns que se dizem pregadores se comportam como se falar do Evangelho
fosse ofender e magoar os ouvintes – a Bíblia não ensina isso (Zc 8.16; Rm
12.18). Nenhuma autoridade espiritual está isenta de boa educação e
respeito aos outros (Fp 2.3), como também qualquer repreensão não pode ser
vazia de amor (Pv 13.24; Hb 12.6).
Nos dias de
Jesus existiam mestres da Lei de Moisés (Lc 5.17), uns eram fariseus e outros saduceus
(Mt 22.34). Naquele tempo esses dois grupos eram as principais denominações de
crença religiosa no contexto do Judaísmo. É verdade que não comungavam das
mesmas convicções teológicas baseadas no A.T. e na tradição (At 23.6-8); mesmo
assim tinham seguidores; e de certo modo uniram-se contra a pessoa de Cristo. É
provável que eles não entendessem porque as multidões corriam ávidas por ouvi-lo
e desejosas para estarem perto daquele “galileu” e agora popular mestre
itinerante (Lc 13. 22). Mesmo não tendo lugar adequado para doutrinar
seus novos discípulos, Jesus superava a precariedade e o improviso dos ambientes
disponíveis, superava também a curiosidade e as necessidades de sua platéia
desgarrada e enfim os ensinava acerca do Reino de Deus (Lc 5.13; Mc
6.34).
Diferenças se estabeleceram entre a forma de
comunicação de Jesus ensinar e a maneira dos outros doutores da lei instruir.
As explanações de Jesus sobre as Escrituras eram caracterizadas por autêntica
autoridade e sublimadas de sincero amor e estas marcaram a composição de
seus divinos sermões (Mc 1.22; Mt 9.36). Outro ponto culminante é que a
mensagem dirigida por Ele desafiava as pessoas a mudarem de vida, a renovarem
suas esperanças (Jo 5.14; 8.11; Mt 19.21; Lc 8.50). Podia ser um apelo ao
exercício da fé, uma desnuda repreensão ao pecado ou até mesmo uma demonstração
de misericórdia a um pecador lançado ao chão – a prédica invariavelmente
envolvia as pessoas, identificava-se com elas (as parábolas são prova disso), tocava
seus corações e transformava suas vidas - na verdade todo pregador de verdade
crê nesse poder da Palavra (Hb 4.12). Mesmo que o Redentor falasse
aberta ou figuradamente a verdade sem meios e rodeios, os discípulos não o
deixaram de seguir e quem o ouvia com atenção nunca mais seria o mesmo (Jo
6.68).
Em nossos dias há “pregadores” que se
portam como matadores espirituais com armas de pesado calibre e farta munição de
grosserias e atropelos de aplicação. Essa tropa de choque antiética e
esculachante que como pretenso esquadrão de Deus gosta de citar o profeta João
Batista para justificar a brutalidade verbal de suas exposições do tipo “dispersa
multidão” (Mt 3.7; 12.34); não convence nenhum inimigo, não intimida nenhum
demônio - e o pior; não ganha e discipula sequer uma alma. Isso é ignorância, é
estupidez acentuada; é ausência de sabedoria e carência de espiritualidade. Uma
pregação que afugenta as pessoas da igreja (porque igreja é lugar que recebe gente
desconsertada) e que as afasta do centro de transformação que é Cristo (Col
1.21; Mt 11.28; Jo 6.37; 1 Co 5.17); nunca deve ser considerada como expressão
do Evangelho!
A
salvação da alma humana é um dos objetivos principais do plano da redenção (Tt
1.2; Hb 9.26; 1 Pe 1.20; Ap 13.8). O céu é pra cima, mas têm falador
mal educado que enfia o rosto de seus ouvintes na terra solta de suas
infundadas interpretações, encharca-as com bastante líquido de suas ilações
teológicas e fica na torcida para que chafurdem numa verdadeira lama existencial. Essa desconstrução do Evangelho (porque me recuso a chamar isso de pregação), não provoca arrependimento - é perigoso alguém se suicidar. Na verdade, espírito de porco quem tem são esses “fuzileiros de
púlpito” que vociferam uma santidade similar a dos anjos de Deus - numa angeologia
antropomórfica, a auréola circular em torno da cabeça desses meros e iludidos mortais
não é de glória e serenidade, mas sim de terror e medo – pois é o que eles
espalham.
Se depender
desses, não há como ninguém se aproximar do Deus Santo e misericordioso. Essa Swat
com coletes de rancor e bombas de gás lacrimogêneo (pois fazem muita gente
chorar de tristeza) tem tanta raiva dos que não andam conforme seus conselhos
de pureza que chegam a respirar e a transpirar ódio nos púlpitos; eles
conseguem liberar mais veneno em seus “sermões de extermínio” do que qualquer névoa
de veneno tóxico.
São arautos
de uma “verdade que mata ou fere gravemente” a vacilante ovelha desgarrada
que no desespero da solidão espiritual e eclesiástica procura por uma porta de
amor e pastoreio – ela busca por um aprisco (Sl 119.176; Lc 15.4). Os oradores das
mensagens de destruição em massa estão sempre externando o seu farisaísmo
separatista e realçando seu egoísmo de saduceus extremistas. Pregadores do
Evangelho de Cristo essa turma nunca foi.
Meu
pastor jamais deixou de proferir a verdade para a congregação local. O
reverendo nunca foi omisso quanto à posição da igreja frente ao pecado inserido
neste século depravado (Tg 4.4; Rm 12.1; 1 Jo 2.15). A diferença é que em todas às
vezes ele foi manso como o seu Mestre Jesus (Mt 11.29), estava fundamentado na
bíblia (2 Tm 3.16), agia pelo verdadeiro amor cristão (1 Ts 3.12) e se portava educadamente
como um ministro do Evangelho (1 Co 10.32). Um perfil pastoral dessa natureza
nos corrige na Palavra e ainda nos faz glorificar a Deus no fim do sermão.
Lembra das características da pregação e ensino de Jesus que me referi no
início deste artigo? Pois é; àquela pregação nos alcança ainda hoje – e desafia
verdadeiramente a uma nova vida - isso quando somos abençoados por um pregador
como o que citei neste parágrafo.
Na
óptica divina os homens (o termo aqui é generalizado) são mais importantes que
listas de comportamento local (aquilo que não é doutrina bíblica e que
alguns líderes estabelecem como regra de fé e prática e que acaba determinando
em exclusão de gente crente pra valer – que não pecou contra Deus – mas que
transgrediu o infundado e extra bíblico regimento interno). No propósito de salvação do Senhor as
pessoas (alma) são mais importantes (Lc 12.20; 23.43; Tg 5.20) do que regras de
ferro e fogo ou das proibições mais ardidas que pimenta mexicana (Cl 2.20-23).
Esclareço que santidade
não se trata apenas de comportamento externo (quem me dera que fosse) como uma saia que chega aos pés, cabelo cumprido, não usar
bermuda, não vestir roupa de cor vermelha, não tomar coca cola, não ir à praia,
não assistir TV ou repugnar tecnologia. Santidade é em sentido prático o modo integral
de vida do salvo por Jesus (1 Ts 5.23; Jo 17.17). É Cristo de dentro
pra fora e da cabeça aos pés; é em Jesus e com Jesus o tempo todo!
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