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Reflexões acerca do mundo cristão.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

OUTRA ASSEMBLÉIA NA ASSEMBLÉIA DE DEUS!

Liberais vs conservadores

As comemorações do centenário das Assembléias de Deus no Brasil passaram e infelizmente a denominação declina por vários e sérios motivos. A velha guarda, os emblemáticos septuagenários e octogenários líderes estão saindo de cena da direção das grandes matrizes eclesiásticas e não sabemos o que virá depois das despedidas ou jubilação desses que nos foram pastores de verdade. A realidade é que existem fortes evidências da existência de uma Assembléia de Deus genérica forjada por uma ala mais liberal da cúpula assembleiana. Tal performática carrega uma nuvem de incertezas quanto ao futuro e integridade cristã da denominação pois compromete estruturas de crença e liturgia, rompe ligaduras e despreza a herança doutrinal da casa religiosa.
    
     Porque genérica? Porque já não tem mais a mesma ortodoxia e contundência pentecostal, porque boa parte de sua liderança desviou-se de seu propósito bíblico e pastoral, porque falta unidade doutrinária, porque existe uma notória heterodoxia em cada congregação local, porque baixaram guarda no combate aos modismos, porque falta administração transparente das finanças e, sobretudo pelo enfraquecimento de sua personalidade conservadora quanto ao modo de viver de sua membresia.  O desgoverno institucional de nossa nomenclatura evangélica provocou um efeito dominó que atingiu toda a comunidade assembleiana, de modo que os desmandos administrativos promoveram incontinências, enfraqueceram a direção nacional, puseram em dúvida a autoridade, respeito e crédito dos órgãos representativos e reguladores da denominação. Essa perda referencial é o que também provoca e agrava o esfacelamento da unidade desta centenária igreja evangélica.

     Uma Assembléia de Deus distante daquela Assembléia que pregava um evangelho simples, mas com comprovação na vida das pessoas que abraçavam a poderosa mensagem pentecostal; distante não pelo fator cronológico, mas pela descaracterização de sua identidade, comportamento, ensino e ética.  Essa Assembléia de vestes mundanas, lascivas e escandalosas (é uma consideração figurada); de esforço galanteador a pregar uma prosperidade tendenciosa ao material; de entregar-se a uma secularização que extingue a espiritualidade e que reprime a pregação clara pela santidade é outra Assembléia que tenta tomar o lugar da verdadeira. Uma Assembléia mais política, mais eletizada, mais culta, mais tecnológica e infelizmente menos ela mesma do ponto de vista de sua razão histórica e pentecostal.

     A denominação se modernizou em suas posições religiosas e comportamentais e isso a desfigurou, o processo gerou uma desconstrução institucional pois comprometeu a conservação de seus bons costumes e os dissolveu numa massa ideológica fermentada pelo modernismo e humanismo seculares que trouxeram para dentro da igreja imoralidade, ganância, avareza e toda sorte de obras da carne. É importante salientar que seria incabível para a igreja atuar no XXI se mantivesse seus extremos fundamentalistas, mas daí a perder sua alma de preservadora da sã doutrina é outra questão. Por tal motivo a Assembléia de Deus está dividida dentro de suas próprias paredes, perdida em meio a convicções diversas e divergentes; e sob o mesmo teto denominacional o lado posicional é variado pois coexistem cosmovisões que se atacam e se atracam em posicionamentos locais sem o necessário pronunciamento oficial da denominação (CGADB e CONAMAD e Convenções estaduais).  As ovelhas mais descoladas passeiam por pastagens de um evangelho secularizado beirando a uma espécie de humanismo de certa forma hedonista; enquanto isso as mais recalcadas com a perceptível crise existencial de nossa denominação se isolam em seus cantos de murmurias e deflagrações.

     Atribuo à responsabilidade por tal desconfiguração a nossas proeminentes lideranças quanto a essa confusão de qual é a Assembléia que estamos congregando – afinal nenhum deles se pronuncia sobre o agravado problema. Em algum momento líderes importantes e vultosos de nossa denominação foram contaminados pela cobiça e deixaram o pastorado para tornarem-se donos e mandatários da igreja. Por astúcia e esperteza preocuparem-se com a perpetuação no poder, com isso desenvolveram esquemas de sucessões que beiram a nepotismo, para tanto desenvolveram uma política eclesiástica unilateral e fisiológica, construíram grupos partidários e forjaram frentes de oposição dentro do lastro eclesiológico da denominação pendendo-a para um lado obscuro de sua confusa imagem atual. Com tanta ocupação no esforço para alcançar ou manter-se no poder deixaram a denominação e as igrejas locais à deriva dos ventos de doutrina, dos aproveitadores de plantão e as expuseram fragilmente aos dardos do maligno que jamais perde oportunidade para atacar a obra de Deus.

        Infelizmente muitos da velha guarda também cometeram injustiças disciplinares motivadas por radicalismos infundados na ignorância avessa ao bom senso. Alguns cometeram pecados ao excluir por conveniência, falta de amor e até descarada perseguição. Mesmo frente a tal claudicância somos hoje a herança espiritual de muitos outros desbravadores que doaram suas vidas pela obra de Deus e pelo rebanho que lhes foi confiado. O autêntico legado espiritual assembleiano não pode ser desprezado pela nova geração.

     Não é com alegria que escrevo o artigo, mas como membro e obreiro da Assembléia de Deus há uma esperança de que a denominação possa integrar boa parte de seus membros à verdadeira e universal igreja de Cristo. Oremos para que nossa liderança abra seus ouvidos e coração e ouça a voz de Deus e aceite a direção do Espírito Santo para nos conduzir tão somente pela nobre causa do Evangelho e não pelas tentadoras oportunidades do adversário que tenta levantar uma “Assembléia de Zeus” dentro da Assembléia de Deus!

domingo, 14 de julho de 2013

OS CANTORES QUE SE VENDERAM A FAMA!

               Ser cantor gospel no Brasil tornou-se o sonho de muito crente. Gente que do meio da igreja luta para gravar seu primeiro CD, emplacar algum sucesso, pegar a estrada, lotar a agenda e viver para fazer a “obra”. O ideal parece coerente, pena que no universo da música gospel tal sentimento tornou-se inocente. Na realidade o objetivo de desenvolver um “ministério de louvor” para abençoar vidas por meio da música tão logo vai se perder e se comprometer com as aspirações comerciais e reais dessas gravadoras cujo foco principal é o de ganhar muito dinheiro!

                Foi-se o tempo em que nossos cantores cultivando o humilde espírito cristão gravavam seus LPs em pequenas e boas gravadoras de irmãos da fé. Todos os músicos e back vocal serviam a Deus e se entregavam na criação de álbuns que em regra geral eram bons, baratos e vendidos em igrejas e livrarias evangélicas. O tempo passou e a famigerada natureza humana quis profissionalizar os cantores que por fim esvaziaram-se de espiritualidade. Feito isso, nosso louvor tornou-se secular, nossas expressões banais e as aspirações para o novo cenário da música gospel puramente comercial.

                Nesse mercado fonográfico gospel o ritmo frenético é o das vendas. As letras das músicas misturam-se com cifrões em notas de valor elevado; caixas de CDs empilhados para sair das distribuidoras representam milhões; convites são sinônimos de entrada de receitas por meio de valor fixo em forma de ofertas disfarçadas para gabar-se que não louva por cobrança de cachê. Se vende muito no atacado, no varejo, com promoção e queima de estoque e compra parcelada no cartão. É um mercado consolidado e promissor que supera muitas aéreas de crescimento econômico em nosso país.

                Por isso alguns cantores evangélicos no Brasil tornaram-se estrelas e firmaram-se entre uma constelação de gente rica e famosa. Freqüentam programas de TV, estampam capas de revistas de grande circulação, ganharam marcas e grifes, inspiraram filmes e abriram caminho para quem vislumbra ostentar tal posição. No mundo midiático e da fortuna a fama tem seu preço e assim a liberdade e a espontaneidade do louvor e adoração foram trancadas dentro de uma cadeia de ganâncias quando tais cantores assinaram seus contratados de riqueza à custa dos seguidores do Evangelho de Cristo.

                Esses astros evangélicos não conseguem freqüentar os cultos da própria igreja em que congregam por que a agenda não os permite; não atendem a qualquer pedido a menos que o cachê seja compatível com o status elevado de sua avultada fama. Dependendo da gravadora com a qual tem contrato precisam seguir à risca as exigências comerciais que permeiam o acordo. Outra verdade é que a liberdade para compor o repertório está subordinada as diretrizes de mercado, a tendências, a nichos e por aí vai. Canta-se o que vender mais CDs e DVDs e não o que agrada a Deus ou que edifica os crentes!

                 Não quero desanimar os aspirantes a estamparem seus nomes no mundo da música gospel, mas o artigo alerta para uma realidade aterradora – você correrá o grande risco de ficar escravo de um sistema comercial pseudo cristão que rouba espiritualidade e absorve tudo por sua necessidade material de fama, sucesso e glamour sustentados por muita grana. É um ambiente comercial que monetiza a fé, que fatura por cantar sentimentos e esperanças cristãs com rosto de ovelha e espírito (voz) de dragão – igual ao da besta apocalíptica que subiu da terra (Apocalipse 13).


                Gravar CD para não poder cantar o que o Espírito inspira; não poder ir a igrejas menores por conta de cachês extravagantes; não poder falar com os irmãos a não ser por meio de assessoria é um modelo de “ministério” dissecado pela secularização e inflamado pela exploração do mercado cristão – gente inocente que se soubesse como o esquema funciona talvez nem comprasse. Entendo que cantar e não ter voz por tê-la vendido junto com a alma a um sistema voraz de comércio do cristianismo é fugir do chamado e renunciar ao propósito do dom recebido de graça para louvar e engrandecer a Deus!

quinta-feira, 4 de julho de 2013

CASO MARANATA UM ALERTA A IGREJA EVANGÉLICA!

Não tenho procuração da Igreja Cristã Maranata (neste artigo também referido pelo acrônimo de ICM) para defendê-la ou representá-la e muito menos sou a voz oficial dos evangélicos, mas não dá pra aceitar como cidadão brasileiro e cristão protestante num país que se diz laico o que fizeram com a Maranata. Foi um ultraje inconstitucional alicerçado ao que parece sobre uma raiva maligna propalada por um tipo sórdido de jornalismo sensacionalista e oportunista, o que por vezes caracterizou-se como perseguição religiosa. 
Hoje são os nossos irmãos icemitas que sentem na pele e na face afrontas e escárnios públicos. Quem nos garante que num futuro próximo não será outra nomenclatura eclesiástica a passar e a provar os efeitos de semelhante e infundada decisão judicial de intervenção, afinal o precedente Maranata aconteceu no Brasil e por aqui o que é injusto às vezes torna-se procedente e jurisprudente.
Há pouco mais de dois anos atrás quando surgiram às primeiras denúncias contra alguns membros do conselho de administração da Igreja Cristã Maranata, escrevi um artigo intitulado “Foi-se a glória”. Naquela postagem relatei que o impacto das denúncias de desvio de dinheiro advindas de contribuições dos fiéis da ICM resultaria em perdas generalizadas não só para os icemitas, mas para toda a igreja evangélica uma vez que a opinião pública classifica a todos evangélicos como os batistas, presbiterianos, assembleianos e metodistas de crentes e ponto.
É verdade que as demais igrejas evangélicas sentiam falta da proximidade com irmãos da ICM por conta de seu isolamento denominacional – mas tal posicionamento não era discriminatório e sim por zelo doutrinal e observância da tradição daquela instituição. Mesmo assim os cristãos protestantes de fora da ICM com suas considerações à parte sempre a elogiavam por sua administração e forma de governo liquefeita de convergências distintas e que mesmo assim a mantiveram unida e linearmente ao longo de seus 45 anos de história. 
Infelizmente os tropeços ocorreram por alguns bodes gananciosos que estavam no meio do grande rebanho icemita e tal comportamento entristeceu e espalhou ovelhas, envergonhou pastores e de modo súbito provocou pasmo nos de fora da instituição. Em contrapartida aos fatos que se iam apurando a liderança da ICM através de seu presbitério posicionou-se imediatamente depondo a antiga comissão com membros comprometidos com as denúncias e elegeu através de assembléia extraordinária de seu colegiado pastoral uma nova composição do conselho deliberativo já no fim de 2011; dispôs-se a atender as solicitações do Ministério Público Estadual e colabora até hoje com o andamento das investigações no intuito de corrigir e coibir quaisquer incorreções administrativas ou financeiras que tragam mais prejuízos a instituição.
A cronologia do suplício icemita prossegue a mais de dois anos e ainda o MP capixaba continua recebendo denúncias, sumarizando provas, contabilizando valores e apurando as supostas irregularidades administrativas. De forma correlata e atendendo aos pedidos do MP, a Justiça de nosso Estado também convocou os denunciados a prestarem esclarecimentos, expediu mandatos cautelares de prisão, executou a interdição da sede administrativa da Igreja, quebrou sigilo bancário, avaliou o capital e evolução econômica dos investigados, suprimiu poderes legais e privou acesso do novo conselho eleito ao presbitério – este último ato foi recebido com estranheza pela sociedade capixaba e ao mesmo tempo como extenuante da justiça frente ao bombardeio midiático em torno do tema.
No viés da formação de opinião pública alguns meios de comunicação capixaba se aproveitaram da situação e picharam a imagem até então impoluta da Igreja Cristã Maranata e uma banda oportunista de jornalistas extrapolou os direitos da imprensa livre ao manietarem e imporem através de suas matérias todos os fiéis e líderes da ICM debaixo da mesma acepção fraudulenta. Por fim a deflagração contra a Maranata denotou-se como uma sensacional ação comercial de vendas de jornais em bancas de esquina. Relegaram o dever jornalístico de não generalizar ou faltar com isenta e sensata apuração a fim de enaltecer a razão dos acontecimentos e inibir as vitrines dos tablóides de mexericos que desmerecem o crédito do jornalismo da verdade.
O que parecia improvável aconteceu e logo com a ICM que como precedente histórico fincou o marco da primeira intervenção do Estado numa instituição religiosa do país. O Estado com seu poder judicial assumiram a direção da denominação evangélica e mais do que isso, a soberania instituiu interventores, destituiu e envolveu-se por meio de seu representante legal em questões de espiritualidade e liturgia (o que não compete ao Estado) e quase implodiu a fé de muitos de nossos irmãos de lá!
Decisões judiciais sem quaisquer jurisprudências reproduziram algo parecido com o poder imperial de Constantino (III século d.C) que através de seu édito mudou rumos religiosos da noite para o dia não sendo ao menos clérigo; ou da impiedosa invasão selêucida orquestrada pelo tirano Antioco Epifânio IV que invadiu Jerusalém e por fim profanou o templo e o culto judaicos (175 a 164 a.C). Aqui da mesma sorte promoveram sacrilégios e provocaram a profanação dos santuários da ICM espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Indago que país é esse que se diz democrático, que discursa pautar-se no que é bom para o coletivo, mas diferentemente porta-se como uma monarquia austera representada neste episódio por uma faceta de justiça partidária que relega a mais salutar voz de liberdade, direito e cidadania constituinte?
A razão seria que a Maranata sob as asas do dito estado laico (é isso que reza a constituição federal), em assembléia interna e em conformidade com seus estatutos escolhesse para a fase crítica os representantes e comissão para o enfrentamento da crise estendida e desgastante. Nenhum crente verdadeiro da ICM e os pastores sinceros que lá ministram sem receber qualquer salário concordam com fisiologismo eclesiástico, fraudes financeiras, estelionatos, evasão de divisas, formação de quadrilha e com máfias religiosas. Querem os irmãos que toda verdade seja trazida à tona, que os responsáveis pelos crimes sejam punidos nos rigores da reta justiça e que as somas fraudadas sejam devolvidas à igreja. Portanto que haja respeito com a instituição e seus membros que nada tiveram com o reprovável sistema implantado em sua gestão financeira e administrativa.
Para a alegria do rebanho os jornais noticiaram neste dia 03/07/2013 – não com o destaque e alarde que geralmente fazem para denegrir os cristãos com um discurso hipócrita de que é para proteger os fiéis – que a intervenção do Estado acabou por decisão do desembargador José Luiz Barreto Vivas e que o conselho presbiteral instituído por eleição no fim de 2011 volte às suas funções, exceto o único da atual composição investigado no processo – demorou mais até que enfim o rosto da justiça apareceu!
Que o Senhor Jesus Cristo oriente o conselho da Igreja Cristã Maranata na retomada normativa de suas atribuições em favor de um universo religioso de mais de 800 mil pessoas – a grande maioria de boa fé e índole. A comunidade evangélica também celebra essa vitória icemita e na oração comungam das mesmas súplicas e rogos em prol da grande obra do Espírito Santo.
Notícias relacionadas à postagem
Confira a notícia da derrubada da intervenção administrativa da Justiça capixaba na Igreja Cristã Maranata:
Suspensa a intervenção na Igreja Maranata (Gazeta Online) 
Veja a inconstitucionalidade da intervenção judicial na ICM:
Juristas evangélicos contra novo interventor da Igreja Cristã Maranata (Folha Vitória)
Você também poderá gostar de ler o artigo “Foi-se a glória” escrito no limiar dos ataques a Igreja Cristã Maranata a mais de dois anos atrás:
Foi-se a Gória! (Artigo publicado originalmente no blog Cristão Capixaba)